segunda-feira, 22 de setembro de 2014

O raio-X de um publicitário


Curiosamente, é possível notar uma série de itens que coincidem em todos os publicitários. Todos eles prescrevem uma razão de existir, seja pela esfera psicológica ou profissional. Uma valiosa qualidade está tatuada no perfil deles: a iniciativa. As oportunidades para tomar decisões são intermináveis. A sequência de problemas extremamente variados é muito comum. Existe uma infinidade de situações peculiares em que somos jogados aos leões. O conceito central de uma campanha, por exemplo, pode sofrer alterações drásticas aos 44 minutos do segundo tempo. Não há como recusar. O atendimento da agência, por mais “jogo de cintura” que apresente, ainda não é capaz de derrubar uma ordem superior do departamento de marketing. Por mais absurda que pareça, a decisão final do cliente deve ser acatada. Resultado: pizza na madrugada. Horas a fio para atender a uma exigência incontestável. O botãozinho vermelho da força total é então apertado. Apesar dessa entrega à labuta transpassar uma imagem de grande trabalhador, que estende seu tempo normal não acordado na contratação, que sacrifica o período de lazer que estaria com a família, esse serão extra não é motivo de orgulho. Geralmente, os momentos a mais trabalhados são fruto de falhas no planejamento do cliente ou da agência. As esticadas do horário de trabalho são episódios comuns, mas não acontecem todos os dias. São fases. A frequência maior de dificuldades se concentra mais no horário comercial. Às vezes, o nível de paciência de cada pessoa é colocado à prova. São inúmeras as interferências externas. Refiro-me aos palpites do cliente sobre um trabalho que foi feito com riqueza de detalhes. Isso pode ferir a integridade pessoal. Nada contra os sensíveis, mas há funcionário que até chora, quase sempre é mulher (não sou machista!). É compreensível. Por vezes, um trabalho dedicado, com afinco, sedimentado em pesquisas, é adulterado sem critérios. Num passe de mágica. E o dia encurta. Cadê as minhas 24 horas?! A pressão é um inimigo constante. Quando o caso é mais grave, a organização é altamente valorizada, Ela é capaz de otimizar o tempo e conduzir os trabalhos com maestria. Honrar prazos é um eterno desafio. Todos da agência estão envolvidos. O espírito de equipe pede um clima entrosado. A sinergia obriga que sua essência circule entre os departamentos como uma ventania passeia entre os prédios. Em meio às turbulências de solicitações urgentes, o fator conhecimento técnico tem papel de protagonista. O domínio da informática supõe a possibilidade de conclusão bem-sucedida dos trabalhos. É inadmissível habilidade insuficiente no computador. Assim como um mecânico que se gaba da intimidade com sua caixa de ferramentas, ele sabe a função de cada uma delas e como manuseá-las. É só diagnosticar o problema e pronto. O utensílio correto é sacado com agilidade. O profissional da agência, principalmente da criação, convive dia a dia com essa realidade. Sempre atualizado para, a qualquer momento, ser exigido e fazer valer a suada preparação. As situações de emergência mostram-se desfavoráveis para bajular principiantes. Infelizmente, não são todas as agências que pajeiam estagiários. Um investimento muitas vezes pago apenas com o precioso e sagrado tempo da agência. Minutos que o profissional, bom samaritano, interrompe seu trabalho para ensinar. O conselho para os novos entrantes baseia-se em angariar conhecimento. Analisar seu próprio perfil, corrigir os pontos fracos, ser um eterno autocrítico e fazer cursos de informática ou simplesmente desbravar os softwares na sua própria casa. Mas, antes de mergulhar nos instrumentos, o autoconhecimento é preponderante para descobrir o que lhe causa mais prazer na propaganda. Descobrir o que gosta. Qual é a sua praia? Uma vez descoberto, um projeto de ação precisa ser traçado. Um plano de marketing mesmo. Lembrando que o produto é você.

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